‘Estômago 2’ renova a saga entre poder e culinária

‘Estômago 2’ renova a saga entre poder e culinária


O que se amplia também é a produção do filme. Se “Estômago” era um filme de ambientes fechados, claustrofóbico, com João Miguel (Nonato) quase sempre ou na cozinha, ou preso, raramente na rua (e quando na rua, em cenas noturnas), “Estômago 2” é mais solar e um “filme coral”. Don Caroglio frequenta o restaurante que sua mãe mantém em um cenário campestre belíssimo e cenas aéreas nos situam nessa paisagem — no caso, é a região do Lácio, coprodutora do filme, que na trama faz as vezes da Sicília.

A produção se torna mais complexa porque se trata realmente de uma coprodução bilateral, com o núcleo italiano tendo o mesmo peso que o núcleo brasileiro (totalmente passado na prisão e nas tensões que nascem entre os brasileiros e italianos).

O filme se abre também para um diálogo maior com o público. Se “Estômago” começou pequeno, como um filme de autor que tinha humor, mas um tanto mais de psicologia do personagem de Nonato, com o humor genial e a melancolia que vinha muito da atuação de João Miguel, “Estômago 2” traz um humor mais leggero, que se apoia muito nas situações, na ação em cena e na canastrice (no melhor sentido da palavra) do personagem de Nicola Siri (muito à vontade no papel deste homem que performa uma dureza que ele mesmo não sabe se de fato tem ou se inventou para si).

É nítido que “Estômago 2” é maior, tem mais comédia que o primeiro e que quer chegar a um público mais amplo. “A tentativa é de fazer um filme mais aberto sem perder aquela reflexão que há no primeiro”, comenta Marcos Jorge.

Para quem espera o humor mais taciturno do filme original e um prato requentado, o novo filme da franquia vai surpreender. Marcos Jorge traz o tradicional spaghetti alla norma siciliano, mas traz também a massa com ouriço do mar com tucupi ( em vez do vinho da receita original). É esta mistura entre sabores como a flor de jambu, o tucupi, a comédia e um filme mais aberto, em que o diretor renuncia ao monólogo do genial João Miguel, que se tornou coprotagonista ao lado de Miklos e Siri, que “Estômago 2” é. Goste-se ou não do novo prato, o fato é que Marcos Jorge não repete a receita e arrisca.

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